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“RUSSO
EU AMO VC. TERESA”. Dizia a faixa amarela pendurada feito
espadana no avião que seguia sentido Zona Sul. Catabática, em direção contrária,
vinha uma gregária seta de oportunistas gaivotas. Uma delas, autônoma,
deslocou-se emancipada do grupo e deu um rasante a caminho da água. Gaivotas veem
o oportunismo como vestem o oceano: como um horizonte. Mais uma vez as ilhas
Tijucas, Alfavaca, do Meio e Pontuda, mais uma ou outra correnteza, contudo,
ledamente, a praia estava mais viva neste dia, movimentada. Alguns jet skis em
dispersão, vinte e cinco windsurfs e a contar... Famílias, gentes, vendedores e
esportistas solitários... Entretanto, por mais extraordinário que pudesse
parecer: absolutamente ninguém jogando vôlei nas “quadras”, ou melhor, futevôlei. Pelo menos, não nessas quadras, desta seara,
deste quarteirão, deste bairro, barra da saia desta bela cidade. Apenas aqui,
onde os olhos podem alcançar – Sem nem olhar para trás!
De fato, o Rio de Janeiro tem uma certa tradição com futevôlei, vôlei de praia
e os demais esportes derivados, todos eles de alta intensidade e baixo impacto,
como prometem. E se vêm ao caso os costumes, os patrimônios, convém lembrar que
o Rio de Janeiro também possui fortíssima tradição em aviões de propaganda. Uma
invenção que não é carioca, nem contemporânea, (a mídia aérea), todavia, é
muitíssimo bem disposta ao longo dos seus duzentos e quarenta e seis
quilômetros de escamoteado litoral: a Baía de Sepetiba, a Baía de Guanabara e o
Oceano Atlântico Sul, como consta. Mas, neste sol e ninguém a jogar?! É de se
estranhar. Horário de verão 17h:25min, esse sol enluarado e ninguém a jogar.
Ple-no de-zem-bro. Era a segunda vez que
o avião passava por ali. Deu a volta poente sentido Grumari. Vai que Russo não
leu.
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Adido em pormenor:
Por certo que Russo não
estava jogando vôlei no posto três, quando, nenhuma comemoração por ali foi
ouvida. Era tarde de poucos rumores, de nenhum assobio no pálio das areias, algo
incomum para a encosta da Joatinga; dizem que lá tem a casa do Pelé. Nenhum rarrarir,
nenhum grito ecumênico de - é tu, Russo!!! É pra tu, cara! Olha o avião! Nenhuma
correria, ou falatório, comemoração, brinde, patifaria, nada nada que içasse a
paz. Reinava um silêncio fino, descansado e impassível, típico de um fim de
tarde comum em zonas oestes: onde se sente que é preciso ver o Sol se deitar,
em silêncio. Olhares alhures, então, deslocaram-se pelo avião sem maiores
expectativas, selando a sorte de Russo em sigilo e permanecendo em seus
pescoceios, a darem de face ao céu.
Ah se Teresa tivesse
atinado, se este louco espírito tivesse, linda como uma aparição, encorpado com
rasgos manifestos de amor aquela areia adentro. Crepusculando, com as ligeiras roupas
ao vento e os pés descalços, macios como o ar, macios como a mulher. Tomando de
assalto aquela branda monotonia azul de verão, forjando um advento para a
simplicidade. Ilhando todos na condição de espectadores diante de sua passageira
jornada. Uma pena, uma pena! Um quebranto o fato de não haver fenda naquela
brisa para Teresa da praia aparecer, revelar-se, eclodir, rebentando e
deflagrando todos os débeis propósitos da existência! Dizendo Russo eu amo você,
Russo. Sem fotografia, somente beijos e abraços. Pudera! A mesma quimera das
gaivotas: que apostam tudo que são em cada profundo mergulho às incertezas. Ah!
Se se tivesse a oportunidade de ver Teresa... toda vestida de amor... E
torpor... Enquanto todo o oceano cabia inteiro precisamente ali, naquela faixa
amarela. Russo, caro e sortudo amigo, Teresa é da praia. Por quantos
arquipélagos você a tem?
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